segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Olimpíada 2016 - Por que o Rio de Janeiro venceu a disputa?


Hoje, a cidade do Rio de Janeiro amanheceu diferente. Pairavam no ar sentimentos contraditórios: desconfiança, orgulho, indignação, esperança, revolta, felicidade, vergonha e fé. Afinal, a Cidade Maravilhosa poderia vencer a corrida para sediar a Olimpíada de 2016 - um evento que consumirá 29 bilhões de reais dos cofres públicos-, apesar da violência urbana, dos hospitais públicos aos farrapos, do caos no ensino público e do engodo que foi o Pan-americano 2007.
A vitória aconteceu e foi uma vitória anunciada com alguns dias de antecedência, já que os governos municipal, estadual e federal, no início da semana, declararam ponto facultativo nas repartições e escolas públicas, para que o palanque eleitoral, digo, a festa organizada em Copacabana recebesse o maior número possível de convivas. Esse evento, por sinal, deu ao carioca a certeza de que a vitória seria de lavada. E foi: 66 votos a favor e 32 contra.
Um descalabro. Escolas públicas tendo de repor aulas, em função do recesso escolar devido a gripe suína e perde-se um dia de aula, para acompanhar e comemorar a vitória carioca.
O mais estranho é que as notas do Rio de Janeiro foram sempre inferiores às de Chicago, Madri e Tóquio. Mas, no último momento, na batida do martelo, a Cidade Maravilhosa não somente virou o jogo, como ganhou aliados de peso, como o presidente francês Sarkozy.
O que mudou de lá para cá? Será que os projetos foram modificados para atender às exigências do COI ou o poder de convencimento das autoridades brasileiras foram mais eficazes do que o das outras cidades? E que poder foi esse, que em menos de um ano, provocou uma reviravolta nas análises dos integrantes do COI?
Parece até que autoridades dos EUA, da Espanha e do Japão não tinham o menor interesse de que o maior espetáculo desportivo do planeta fosse realizado em seus países.
Lendo nas entrelinhas do quadro comparativo entre os prós e contras, da candidatura das quatro finalistas, percebe-se que a proposta do Rio de Janeiro foi a única que garantiu a mobilizarção de recursos públicos das três esferas de poder. Está aí o x da questão. A Olimpíada caiu no nosso colo. Os outros países não se dispuseram a bancar com recursos da população a Olimpíada 2016. Compreensível. Não seria de bom-tom bancar um evento desse porte, com o dinheiro público, quando países tentam desvencilhar-se da crise financeira, que abalou o mundo em 2008.
Os governantes dos países de primeiro mundo tem de dar satisfação à população, que é participativa e cobra das autoridades o bom emprego dos impostos que paga.
No Brasil, não é assim. Somos festeiros, alegres, comunicativos e descontraídos. Se a crise está batendo a nossa porta, promovemos um belo churrasco, regado a cerveja e com uma boa roda de samba. E se, nesse dia, tiver futebol, melhor ainda.
Foi esse espírito benevolente, que trouxe a Olimpíada, para o Rio de Janeiro. Pagaremos essa fatura e a da Copa do Mundo de Futebol de 2014, felizes e contentes. Até a volta da famigerada CPMF está sendo esquecida.
Estima-se, que o público que compareceu em Copacabana, para festejar a conquista brasileira, tenha sido de 100 mil pessoas. Um público bem superior ao que compareceu ao protesto contra a fraude do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio): 500 jovens valentes, indignados com o vazamento da prova, que lhes possibilitaria a entrada numa universidade. É que no nosso país Educação não é prioridade. Fazer o quê?
Resta torcer para que em sete anos, o Brasil descubra atletas espetaculares, para que não faça feio na festa olímpica em 2016 porque, do contrário, os 29 bilhões de reais, que serão gastos no projeto olímpico brasileiro, servirão apenas e tão somente para beneficiar alguns e comprovar que o Brasil não possui vocação desportiva.

Será frustrante pagar e não levar.

E você caro leitor, o que acha da vitória carioca?
Quais os maiores beneficiários com essa conquista?


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